Depois de anos tentando colocar minha vida em ordem vejo que sou um fracasso total. Levei três anos pra esquecer alguém que parecia ser meu único e verdadeiro amor. Joguei alguns dias da minha vida fora com noites em claro pensando em me curar de um suposto amor que tinha aparecido. Tudo parecia rodar dentro do mesmo propósito, minha alta destruição.
Era difícil pensar que teria vida nova em uma cidade diferente. Tinha vivido 14 anos sem sair do mesmo bairro aonde nasci, fui ver o mundo de verdade aos 15. Nunca pensei em me jogar de uma ponte ou tomar cartelas de remédios pra chamar atenção de alguém. Só queria a felicidade. Ter alguém do meu lado pra me chamar de meu bem. Curtir uma noite vazia com alguém que me desse conforto e a preenchesse.
Pensei que tinha achado essa pessoa, fui me entregando, deixando que a vida me levasse, literalmente. Não ouvi os conselhos das pessoas que realmente me amavam. Era um amor quase impossível quando chegou ao fim do primeiro namoro. Me senti péssima em ter saído com outro homem antes mesmo de terminar com ele, mas na minha cabeça tínhamos dado um tempo só que ele pareceu não me escutar, fiquei surpresa quando dei de cara com ele na porta da minha cozinha pedindo pra entrar.
Estávamos deitados na minha cama e então resolvi acabar com a farsa que eu mesma inventei. Aquilo foi um tipo de escape que fez ver o quanto sou podre por dentro. Ele não sonhava com exatamente nada disso. Queria construir uma família e acabei com os sonhos dele naquele instante.
- A gente se gosta, mas acho melhor pararmos por aqui.
- Porque está dizendo isso?
- Não agüento mais essa situação – meu coração estava apertado e querendo gritar pra ele o quanto estava arrependida de ter saído com outra pessoa.
- Você disse que não tinha problema ela morar comigo ainda – ele se levantou da cama e ficou parado me olhando no meio do quarto.
- Estou presa nisso, como posso saber se ela vai embora? – levantei e fingi mexer em alguma coisa.
- Não me deixe, eu te imploro – ele ajoelhou aos meus pés.
- Não consigo mais – meu rosto parecia uma cachoeira.
- Tem outra pessoa?
- Tem, ela, você sabe disso.
- Mas você sabe que não durmo com ela faz muitos anos.
- Porque ela não foi embora ainda?
- Já te disse mil vezes o porque, parece que não acredita – ele se levantou e ficou olhando pela janela aberta.
Era difícil acreditar que outra pessoa tinha interferido na minha decisão, mas estava pensando nisso a mais de um mês e esse outro rapaz que conheci me deu a coragem que faltava. Até hoje me pergunto se realmente o trai, mas na verdade eu acho que não.
A outra pessoa que ainda morava com ele era sua ex-esposa, Marta, eles estavam juntos a 5 anos. Não se entendiam a muito tempo, ela não queria sair da casa porque ajudou a construir, os vizinhos e a mãe confirmavam a história. Acreditei, pois quando ele me contou a história no começo do nosso namoro olhei fundo nos seus olhos e vi que ele tinha vergonha do que estava dizendo.
Um ano se passou e ficávamos no dilema, eu quero mais ele não, ele quer mais eu não. Isso foi rolando até o final daquele ano quando resolvi no dia 24 de dezembro, depois de ter ido ao centro da cidade fazer compras atrasadas e que fizeram nosso reencontro acontecer, o convidei para ir até minha casa depois do expediente.
- Oi – ele estava parado de costas pra rua com as mãos pra trás, passei minhas mão na dele e ele me recebeu com o melhor sorriso do mundo – passei pra perguntar se você quer ir lá em casa depois pra gente conversar?
- Eu sabia que era você – os olhos dele brilhavam de alegria - Claro, porque não?
Parecíamos dois adolescentes se reencontrando depois das férias, dei o melhor selinho da minha vida e fui embora.
Esperei ansiosa para que o dia passasse, minha casa estava apinhada de gente e isso foi o fator chave, o dia passou rápido e ele finalmente chegou. Resolvi voltar a ficar com ele, mas não prometi namoro ele sabia que tinha uma nova chance.
Eu o amava, sim, com todas as forças que um dia amei alguém. Minha tia dizia que eu era muito nova pra saber se aquilo era amor de verdade.
Não estava ligando se a idade não me ajudava a tomar minhas decisões, não liguei para comentário algum sobre o relacionamento, antes do primeiro término e nem naquela hora que meu coração dizia que eu ia me decepcionar com aquele relacionamento. Coração esperto eu é que não ligava pra ele.
Vivi dois maravilhosos anos ao lado de Victor, descobri coisas que eu podia fazer sem ao menos alguém me falar. Sentia força, vontade, alegria em viver. Fui uma amante calorosa, pelo menos eu acho, sentia meu coração pular dentro do peito todos os dias quando ele chegava do serviço. Cozinhava pensando no sorriso dele ao chegar e ver que tinha seu prato predileto. Queria mais, queria filhos, uma casa maior, cachorros, um carro melhor. Construí nosso sonho deitada em seus braços, pensando na cor da parede da sala. Mas como não sou perfeita, contribui para que esse sonho terminasse. Fiz minhas vontades, que não eram as dele, a preguiça convive comigo, vivi meio que acomodada com a situação.
Ele cansou, resolveu procurar outra pessoa e fez o conto de fadas terminar.
O ciúme me possuiu, a raiva não me deixava pensar e muito menos agir como deveria. Nosso amor não era mais o mesmo. Então resolvi ir embora, mas meu coração não. Posso dizer que mesmo depois de três anos sem ao menos saber se ele está bem, eu ainda choro de saudade quando ouço nossa musica favorita.
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