quarta-feira, 1 de junho de 2011

cap.2 - parte 1

Para que a depressão não tomasse total conta da minha alma, resolvi extravasar, em dois anos de separação conheci 30 homens diferentes. Todos com o mesmo desejo: curtir a vida. Me deixei levar de novo, queria algo que me fizesse acordar com vontade de viver. Procurei emprego novo, casa nova, roupas novas e até uma cafeteira nova. Nunca tive uma e ao menos gosto de café, mas senti que deveria comprar.
   Fui tomada por impulsos leves de consumo e assim os fiz. Graças a uma força divina não sou consumista e meu cartão de crédito não vinha estourado no final de cada mês.
   Na virada do ano resolvi que deveria mudar de vida de novo. Queria um romance, nada relacionado a casamento, mas queria alguém. Como minhas amigas não moravam comigo ainda e cada uma vivia em uma cidade diferente, esse era o meu passaporte da alegria e numa dessas idas e vindas às cidades conheci Michel, encantador, nos conhecemos, ficamos e viramos amigos, não era nada do que eu esperava, mas ele estava presente nas noites vazias que precisavam ser preenchidas.
   Foi ai que pequei, tinha me apaixonado por ele desde o primeiro dia, mas como não queria estragar com tudo de novo, resolvi ficar na amizade. Ele era atencioso demais para um amigo. Me trazia flores em dias comuns. Todos achavam que era amor, mas eu sabia que ele só fazia isso porque gostava da minha companhia. Ele também havia me dito que era só amizade, não poderia alimentar um sentimento que eu sabia que não ia sobreviver.
   Às vezes passávamos horas sentados olhando pro nada e quando olhava pra ele me sentia segura. Queria que ele não fosse embora, mas era inevitável.
   O tempo passou e não consegui mais segurar a vontade de ficar com ele, demonstrei da forma mais sutil o que queria, mas ele fingia não ver. Acabei me descontrolando e me declarando. Infeliz dia esse.
   Fiquei sem ele, estava quase entrando em depressão. Queria voltar no tempo só pra concertar algumas coisas.


   Era fácil viver sem ele, era fácil me entreter, era fácil me divertir.
   Quando o trabalho não exigia muito do meu tempo, minhas amigas conseguiam fazer com que ele passasse rápido. Depois que resolvi tirar Michel da minha vida elas inventavam as coisas mais mirabolantes para me distrair. Nunca as vi tão inspiradas e criativas em me manter feliz.
   O tempo passou e consegui esquecer os números dele e deixei de freqüentar os lugares que ele gostava de ir. Já tinha passado por isso era fácil me acostumar a situação. Ele também não fazia muito esforço em me encontrar, não tínhamos muitos amigos em comum, então, era questão de tempo mesmo para me desfazer das lembranças.
    Não vou dizer que não sofri, pois eu acho que é meramente impossível você não se degradar diante de uma situação assim.
    Toda vez que uma coisa que não me agradava acontecia, mudava minha rotina completamente, então resolvemos fazer uma viagem, no começo da aventura fomos Cris e eu, pois Becca e Lola não conseguiram tirar férias, mas foram nos encontrar na ultima semana de viagem. Ficamos fora um mês inteiro. O namorado de Cris também foi com a gente na primeira semana e ia ficar mais tempo que Cris, mas teve que voltar por um problema de família, e os namorados de Lola e Becca conseguiram ir com elas na ultima semana. Foi bem divertido, fizemos a viagem dentro do Brasil mesmo, conhecemos várias praias encantadoras e tranqüilas. Cris pegou alergia de uma planta que o guia tinha avisado que mesmo por sua aparência ela não era agradável ao toque. Marcos foi embora com uma bela dor de barriga por ter comido peixe na folha de bananeira, estomago frágil, e Paulo não podia sentir o cheiro de carne seca. Passamos mais da metade da viagem cuidando de quem estava doente do que nos divertindo. Mero detalhe que qualquer pessoa pode superar, afinal, ficar toda pipocada e se coçando, vomitar e não sair do banheiro por quase uma noite toda era fichinha pra quem comia comida industrializada todo dia.
   Quase no fim da primeira semana aconteceu uma coisa que nenhum de nós conseguia explicar. Fomos visitar uma casa que era ponto turístico em uma das cidades do interior. De longe não se via nada de estranho a casa era bonita e estava em bom estado de conservação. O lugar em que ela se localizava era bem visitado e várias pessoas estavam ali ou já haviam passado só que nenhuma delas teve coragem de ultrapassar a placa que dizia “casa da menina morena”, era assim que o pessoal local a chamava. Ficamos mais do que curiosos em ver o que tinha nessa casa e se a menina era mesmo assustadora como todos diziam. O senhor que ficava ali, para dizer aos turistas os caminhos que eles deveriam fazer ou então falar sobre a casa da menina morena, nos disse que se nós acreditássemos em Deus nós poderíamos entrar e que a menina não ia fazer nada de mal com a gente, mas se nossa crença fosse menor que os poderes dela era melhor nem tocarmos na placa. Como cada um do grupo tinha sua crença ficamos indecisos na hora de entrar. Estávamos em quatro pessoas, Eu, Cris, Marcos e um amigo que encontramos no meio do caminho, Luidge. Ele adorava essas coisas de casas mal assombradas, meninas que apareciam no meio do corredor e tantas outras coisas que contam sobre casas que os espíritos que não encontraram a luz vivem. Ele que nos indicou esse lugar, pois ele queria ver de perto o que as poucas pessoas que tinham entrado falavam.
- Vamos galera, vai ser legal ela não vai fazer mal algum pra gente – Luidge estava mais do que ansioso falando do outro lado da placa.
- Eu não estou achando nada demais – Marcos também passou a placa.
- A casa está conservada demais – Cris estava agarrada no meu braço – será que ela ainda vive aí? – ela se virou pra perguntar pro senhor, mas ele não estava mais sentado na cadeira de balanço.
   Todos estavam de olhos arregalados.

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