segunda-feira, 6 de junho de 2011

cap.3 - parte 2

- Eu sabia que ele tinha que fechar com chave de ouro a palhaçada – Lola estava descontrolada chorando – porque não consigo deixar de gostar desse completo imbecil?
   Falar algo pra ela nesse momento seria inútil, nossas criticas só iriam piorar a situação.
- Custava ele esperar chegar em casa pra começar o show barato? – ela falava entre os soluços – Que vontade de sumir daqui.
    Estávamos em elevadores separados por causa das malas os meninos subiram com ele para tentar acalmá-lo, mas pareceu inútil ao ouvir os gritos dele vindo do outro elevador que era colado um no outro.
   A briga parecia não ter fim não fizemos nada além de apartar os dois. Cada hora que passava pareciam semanas. Ele não se tocava que o estoque de coisas erradas já havia acabado. Queria sempre mais, parecia sentir prazer em ver os outros com raiva dele até que Lola estourou de vez. Decidiu terminar, foi pro quarto e começou a jogar todos os objetos e roupas dele pra fora. Sentamos na sala e esperamos, era mais uma briga com coisas quebradas que ela mesma compraria de novo. Resolvi sair daquele inferno astral pra fumar um cigarro e foi quando ele saiu bufando de raiva. Nem fiz questão de mostrar que era eu a pessoa parada perto da porta que ele quase levou junto quando saiu. Felizmente a paz voltaria por algumas horas.

cap.3 - parte 1

- Acho que não seria pra mim essas desculpas – não me preocupei em esconder meu tom de raiva.
- Conheço o Paulo desde pequena sei o que ele estava fazendo e não o apoiava – ela sentou em uma das cadeiras de sol.
- E porque se fez de cega e surda?
- Ele me pediu.
- Se ele te pedir pra pular da ponte você pularia então – cada palavra que saia da boca dela me deixava com mais vontade de gritar.
- Nunca gostei do ciúme possessivo dele é irritante.
- Como se isso só te afetasse.
   A conversa foi breve, mas ela mostrou ser uma pessoa legal. Fui me acalmando e deixando que ela falasse. A luz no quarto de Lola e Paulo se apagou ficamos sem entender o que estava acontecendo, pois os gritos cessaram fiquei esperando alguém aparecer no portão de entrada da piscina. Ela ficou mais um momento ali olhando para o mesmo lugar que eu, mas ninguém apareceu. Sem se despedir ela foi embora e eu ainda fiquei dentro da piscina pensando no que tinha acontecido e na viagem de volta pra casa. Era tudo o que eu queria naquele momento o sossego do meu quarto.
   Não vi a hora passar e estava começando a amanhecer resolvi voltar pro quarto pra tomar banho e esperar a hora do café da manha. Não sei porque me espantei, mas encontrei Lola e Becca deitadas na minha cama. A cena era engraçada as duas contorcidas para caber no pequeno espaço. Ninguém falou nada apenas nos olhamos era como se não precisássemos de dialogo sabíamos que ele era inútil naquele momento.
   Tomei meu banho e arrumei as coisas de Paulo, que ainda estavam encharcadas, num canto do banheiro. Pensei em chamar Lola pra perguntar o que íamos fazer com toda aquela roupa molhada, mas era mais sensato torcer e colocar tudo dentro da mala. Era isso que ela ia fazer sem duvida alguma.
   Era bom ter amizade de vários anos conversar às vezes não era preciso. Elas me deram espaço na cama e ficamos ali olhando pro nada e vendo aos poucos mais um dia nascer. Comecei a me trocar pra tomar café e Becca foi para o seu quarto fazer o mesmo, Lola ficou na mesma posição sem falar absolutamente nada. Estranho era pensar em tudo, em menos de um mês nós vivemos intensamente o que não vivíamos a mais de vinte anos. Cada momento daquela viagem nos fez ver que a vida sem aventuras não é absolutamente nada. Enquanto me trocava olhava pra Lola e via que sua mente não parava de trabalhar, talvez pensando no termino do namoro ou talvez pensando em como dar o troco em Paulo. As peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar e ao mesmo tempo não faziam sentido. O fato de Luidge ser apaixonado por ela era um caso a se pensar. Lola nunca deu uma oportunidade a ele e a amizade dos dois era igual a que ele tinha com qualquer uma de nós, tirando o fato dos agrados que ele fazia. Aquele silêncio estava me consumindo queria saber o que tinha acontecido e como se nossas mentes estivessem ligadas ela começou a falar.
- Minha raiva passou – Lola sentou na cama – queria olhar na cara daquela menina e dizer o quanto o amigo dela é desprezível.
- Acho que esse fato ela já sabe.
- Como eu posso gostar de alguém como ele?
- Não podemos escolher – dei um sorriso abafado.
- Seria bom se o manual de ciúme viesse em negrito com letras garrafais.
   Começamos a rir e a lembrar das outras cenas de ciúme não só do Paulo, mas as que tínhamos umas com as outras. Foram tantas que cada uma tinha seu código bastava um gesto e tudo vinha à tona como se estivéssemos vivendo-as de novo.
   Ela me contou que ele pediu perdão por tudo o que tinha acontecido naqueles dias de possessão, mas não falou nada em não fazer de novo. O namoro seguiu como se nada tivesse acontecido. Tem gente que acha que ciúme é a maior prova de amor que alguém pode dar ao outro, eu fico em duvida sobre algumas formas de aplicá-lo. Descemos para tomar café depois que as meninas voltaram de seus quartos. Paulo, Luidge e Guilherme já estavam sentados na mesa e o papo parecia ameno só que uma coisa me incomodou e acho que não foi só a mim. Luidge estava sentado do lado de Paulo como se eles fossem bons e velhos amigos. Queria saber o quanto a cara de pau dele era boa para agüentar um soco de Paulo.
   Nada da noite anterior foi falado, tomamos nosso café e subimos para arrumar o resto de nossas coisas. Sai primeiro da mesa e Paulo me acompanhou, pois ele sabia que as coisas dele estavam no meu quarto. Deixei o notebook dele aberto com o ventilador ligado em cima, mas acho que não ia adiantar quase nada o tempo de afogamento foi o suficiente para danificar qualquer coisa eletrônica que pudesse sobreviver a um mergulho. Ele não tentou falar comigo algo que não fosse sobre as coisas dele, mas senti que ele queria falar então resolvi fazer a boa samaritana e iniciar a conversa.
- Queria saber até quando você vai agir assim – estava sentada na minha cama deixando espaço livre para ele pegar suas coisas.
- To pegando alguma coisa sua? – ele sabia mais do que ninguém se fazer de desentendido.
- A Lola não me pertence.
- Ah, é dela que você está falando.
- É fácil se fazer de tonto, também gosto de agir assim em certas situações.
- Não quero falar sobre isso, Lara.
- Não mesmo? – minha voz não queria sair amigável.
- Na verdade eu quero, mas em outra hora e em outro lugar.
- Você está me deixando nervosa – não conseguia me imaginar em outro lugar falando sobre isso com ele.
- Fique tranqüila porque sou incapaz de trair a Lola – ele arrumava as coisas dele o mais devagar que alguém poderia conseguir.
- Jamais cogitaria essa possibilidade, Paulo – deu vontade de jogar o abajur na cabeça daquele infeliz – não se ache a ultima bolacha do pacote e na verdade nem posso te considerar uma das mais gostosas.
- Serio mesmo, Lara? – ele tentou jogar seu charme pra cima de mim.
- Não nego que bonito você é, mas não me agrada em nenhum aspecto.
- Deixa sua amiga saber disso.
- Ela já sabe meu bem.
- Conversam sobre mim – ele se espantou – interessante!
- Dá pra você pegar suas coisas logo, preciso me trocar – já estava do lado da porta esperando que ele saísse.
- Vai usar qual roupa hoje? – passando pela porta com suas coisas pingando – Aquela blusinha vermelha que eu amo ou aquele vestido decotado nas costas?
   Não consegui nem responder de tanta raiva que fiquei.
- Lola – gritei pelo corredor quando a vi passando de cabeça baixa mexendo no celular – fala pro seu queridíssimo namorado que a sessão de desfile não rola na frente dele.
   Bastou o olhar dela penetrando no rosto dele para ele sair do meu quarto sem falar mais nada.
   Se eu já não gostava daquele pedaço inútil de homem agora passei a detestar. Se ao menos fosse a primeira vez que ele fizesse isso, até que eu poderia relevar, mas a reclamação não era só minha. Ele gostava de ser o centro das atenções quando não tinha a supervisão de Lola e isso não era nada interessante, pois ele queria chamar a atenção das pessoas erradas como Eu, Cris e Becca. Não desejava que ela terminasse com ele, pois da vida dela cuida ela, mas bem que ela poderia ter menos amor a um debilóide.
   Todo inútil tem uma grande mulher ao seu lado, todas nós esperávamos que Lola visse isso logo e parasse de tratar bem uma pessoa que só a ofuscava.
   A viagem finalmente chegou ao fim e já estávamos em casa quando fomos vitimas da ultima peça de Paulo. Na portaria do nosso condômino tinha uma pilha de cartas e outras coisas endereçadas a todos e a pilha maior era a de Lola. Ele quase surtou quando viu tantos embrulhos começou a rasgar todos eles ali mesmo gritando feito louco. Todo mundo parou para ajudar Lola a pegar as coisas que ele jogava pelo saguão. Ela como sempre não falou nada só olhava a cena e chorava. Aquilo foi a ultima gota, ninguém mais agüentava escândalos em publico e ainda mais quando eles não nos envolviam diretamente. Guilherme teve que segurar Paulo pelo braço para dar um basta no ataque de ciúme. Todos nós nos intrometemos tentando acalmá-lo e ao mesmo tempo o xingando por fazer tanta coisa errada em um pequeno espaço de tempo.

Capitulo 3 - Te amo mesmo te odiando

Os dias passaram voando e nossa viagem ficou mais intensa, queríamos aproveitar cada segundo naquele paraíso.
   Paulo desconfiava das olhadas de Luidge para Lola, mas nunca fez pergunta alguma. Ele só se irritou mesmo depois do quarto dia de flores na mesa do café da manha. Quase virou a mesa só porque Lola guardou a flor como estava fazendo toda vez que as encontrava. Conhecendo bem a pessoa como eu conhecia ele ia dar o troco sem ninguém esperar. Esse era o grande problema de Paulo. Ele descontava não só na Lola seu ciúme doentio, mas em quem estivesse por perto. Em partes isso era bom, pois Luidge via com quem realmente ele estava se metendo.
   Quando resolvemos encarar uma nova aventura Paulo fez questão de acordar mais cedo e murchar os quatro pneus de um dos carros, só para nos atrasar e deixar Lola possuída.
- Você me acorda mais cedo, me faz sair correndo do quarto e não tinha visto que os quatro pneus estavam murchos? – jogando as coisas dentro do carro – Fez todo mundo descer pra chegar aqui e ficar esperando sua linda lerdeza criar coragem e trocar esses malditos pneus.
- Como que eu saberia disso meu amor? – Paulo trocava os pneus como se fossem de cristal, sua voz era a mais tranqüila e desafiadora que ele conseguia fazer.
   Lola não agüentava quando ele agia assim, vários celulares foram destruídos na hora em que ela tentava fazer alguma ligação para pedir ajuda.
- Adoro suas cenas Paulo, elas me agradam tanto que me dá até vontade de cantar – Lola pegou um cigarro e sentou na guia pra não ter que quebrar outro celular.
- Vou fazer tudo o mais rápido que posso – ele estava no terceiro pneu, mas estava demorando tanto que parecia o primeiro ainda.
   Ninguém falou mais nada até ele terminar. Luidge entrou dentro do outro carro e ficou ouvindo musica como se aquilo tudo não tivesse nada a ver com ele. Fulminei ele com os olhos, se isso valesse de alguma coisa ele seria só osso naquele momento. Lola decidiu ir no outro carro, não queria, tão cedo, ser vitima de mais uma peça de Paulo. Me segurei bastante pra não contar pra ele quem é que estava mandando as flores pra  sua namorada. Nosso passeio atrasou em mais de duas horas. Isso seria motivo suficiente para me fazer contar, queria naquele momento ver Luidge de ponta cabeça em uma corda. Aquele pensamento me aterrorizou, mas eu sabia que de onde vieram quatro pneus murchos viria muito mais. Como estávamos em seis sobrou pra mim ir com Paulo, foi a pior coisa que já fiz na minha vida. Nossos santos não batiam passei terror em quinze minutos de percurso, ele não parou de falar um minuto os assuntos eram irregulares e não faziam sentido algum. Fiquei com medo quando ele ficou quieto e soltou uma risada nada interessante, risada de quem estava maquinando algo bem cruel.
    Como esperado nada foi agradável, fiquei o passeio todo longe dele. Evitando todo contato visual, ele se sentiu mais intimo de mim depois que contei algumas coisas que eu duvido que ele tenha prestado atenção. Compramos algumas coisas das lojas locais e voltamos pro hotel e foi em uma dessas lojas que o inferno realmente começou. Paulo encontrou uma amiga e fez questão de mostrar pra todo mundo que ela estava lá. Conversou super alto, dando risadas e lembrando do passado deles. Lola fingia que nem ouvia, mas pegou vários objetos pesados e fez menção de jogá-los na direção deles.
   O auge de tudo isso foi quando ele a convidou para ficar no nosso hotel, nós e a loja toda, ouvimos que ela tinha chego na cidade aquele dia e que não tinha achado hotel para ficar. Dessa vez Lola fez questão de voltar no mesmo carro que ele e ele fez questão de deixar Lola dirigindo para ir no banco de traz com sua amiga. A conversa parecia animada e Lola acelerava cada vez mais. Quando estávamos chegando perto de um precipício Luidge diminuiu a velocidade e deixou que Lola passasse na frente todos ficaram em silencio até os passageiros do outro carro prestaram atenção na curva e no morro que estavam se aproximando. Foi bem tensa nossa volta ao hotel, mas entre mortos e feridos sobreviveram todos.
   Ninguém sabia como ela permitiu aquela menina dentro do carro e no mesmo hotel. Os dias se arrastaram, todos queriam ir embora menos Paulo. Não podíamos voltar antes do prazo, pois perderíamos dinheiro, faltavam cinco dias pra viagem acabar e foram os cinco dias mais longos. Paulo aprontava do jeito que podia, tirou todo mundo do sério até mesmo o rapaz da recepção e a arrumadeira. O clima ficou pesado quando Paulo sumiu o dia todo com a tal amiga, Clarisse o nome dela, ele largou o celular no quarto e o dela ninguém tinha. Lola estava roxa de raiva no final da tarde, começou a escurecer e nem sinal deles. Estávamos nos preparando pra ir embora fiquei no quarto de Lola ajudando a arrumar as malas cada coisa dele que ela pagava pra guardar ela tinha vontade de jogar pela janela. Fiquei de longe olhando aquela cena e me imaginando contando pro Paulo quem era o mandante das flores, acho que a situação seria diferente e no mínimo umas coisas de Lola teria voado pela janela. Foi quando minha linha de pensamento foi interrompida com risadas e barulhos de água. Nossos quartos davam para a piscina do hotel e como não era de se espantar lá estavam eles Paulo e Clarisse se divertindo, bêbados e quase pelados. Acho que foi a melhor cena que já presenciei, Lola não falou nada pegou a mala dele semi-aberta e jogou direto na piscina. Os dois se espantaram com a agressão e quando deram conta do que estava acontecendo Lola pegou o notebook de Paulo e jogou, por pouco não pegou na cabeça dela. Ela fechou a janela sem dizer uma palavra se quer, largou suas coisas e saiu do quarto, fui atrás, mas já sabia o destino daquele disparate.
   Chegando na piscina os dois recolhiam as coisas dele em silencio e o notebook tinha afundado na piscina. A cena era hilária, mas não me permiti soltar um riso. Lola era imprevisível quando contrariada.
- Você acha que eu tenho cara de trouxa? – Lola ficou parada do outro lado da piscina bem longe deles.
- Não, mas poderia ser um pouco mais educada – Clarisse resolveu falar e foi a pior coisa que ela poderia ter feito até aquele momento.
   Meu sangue subiu imagina o de Lola. Paulo ficou estagnado por alguns segundos olhando para Clarisse como se não tivesse acreditado no que ela tinha dito, mas ele foi mais rápido do que qualquer reação que Lola pudesse ter. Largou as coisas dele no chão e ficou na frente de Lola.
- Seria melhor a gente conversar – segurando Lola pelos braços.
- CONVERSAR? – Lola gritou na cara dele – Você acha que eu tenho condições de conversar com alguém que nem você?
- Eu acho que sim.
- Você some o dia todo, larga o celular no hotel, não fala pra onde vai e ainda quer conversar, Paulo? – parecia que ela ia explodir.
- Vamos sair daqui os hóspedes estão olhando.
   Eu não sei como aquela garota ainda estava respirando e dessa vez quem foi pra cima dela fui eu. Peguei as coisas do Paulo que estavam com ela e mandei ela sair dali, nunca vi uma pessoa mais abusada. Falei pros dois subirem e terminarem de resolver isso em outro lugar, fui juntando as coisas dele e tive que entrar na piscina pra pegar o tão molhado notebook dele. Na hora que emergi comecei a rir sozinha, já estava com vontade de fazer isso, mas não queria arriscar ter uma cadeira de sol vindo na direção da minha cabeça. Fiquei um pouco lá fora na beira da piscina aproveitando a noite e olhando pra dentro dela pra ver se não tinha nada dele no fundo. A briga só estava começando lá em cima, não queria me arriscar mais entregando as coisas do Paulo, fui até meu quarto e coloquei as coisas dele no banheiro troquei de roupa e coloquei um biquíni voltei pra piscina e quase entrei em choque quando vi aquela menina lá de novo. Voltei com duas quentes e três fervendo pronta pra vomitar na cara dela tudo aquilo que estava me consumindo, mas ela foi mais rápida na hora de falar.
- Eu queria pedir desculpas – com a voz mais doce do mundo.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

cap.2 - parte 4

   Ele nem respondeu e me seguiu, perguntamos se havia lareira no hotel e o recepcionista disse que não. Então perguntamos se tinha algo com um tipo de churrasqueira ou fornalha e ele nos falou da cozinha externa do hotel. A caminho liguei para Cris que até então não estava a par de nada, mas nem foi preciso esperá-la atender. Demos de encontro com ela e Marcos saindo do restaurante animados demais pro meu gosto.
- Sem espanto, só venham com a gente que lá a gente explica – Luidge falou atrás de mim.
   Apenas mostrei o dvd e a fita, eles não precisavam demais nada para nos seguir. Chegando ao local explicado pelo recepcionista achamos várias churrasqueiras, parecia ser um local somente para funcionários. Não tinha cara de local de festa. Escolhi a primeira churrasqueira e joguei o dvd e a fita dentro, tinha um pouco de carvão que ajudou bastante na queima dos arquivos. Me senti em um filme de suspense quando alguém apaga as provas de um crime. Finalmente aquele pesadelo tinha acabado, me senti aliviada e sei que meus amigos também estavam, os suspiros de alivio não negavam. Não saímos de lá até que a ultima cinza aparecesse, queríamos certeza total de que ninguém ia achar aquele dvd e aquela fita. Voltamos pro saguão do hotel como se nada tivesse acontecido aliviados e sorridentes. Nos envolvemos tanto com a história que quando chegamos no saguão de entrada ele estava apinhado de gente. Parecia algum tipo de comemoração. Tinha um cartaz na recepção dizendo que era aniversário de alguém importante da cidade que morava no hotel. Fiquei pensando, se ele era importante porque morava no hotel? Coisas de cidade pequena.
   Ficamos na festa, precisávamos nos distrair, tinha bebida, comida, gente bonita. Um prato cheio para a diversão.
  
   O domingo chegou Cris e Marcos tinham que ir embora, ficaríamos mais duas semanas só eu e Luidge, fomos embora também não queria ficar naquela cidade. Vai que ele me força a voltar na casa da menina morena, era bom não arriscar.
   A viagem que era pra me trazer paz e descanso acabou trazendo mais problemas, o dono do hotel queria saber porque havia coisas desconhecidas queimadas em uma de suas churrasqueiras e porque o quarto do Luidge cheirava a peixe morto, pagamos uma taxa extra por esses problemas e fiz questão dele me reembolsar certas quantias.
   Não procuramos cidades com lendas urbanas ou casas abandonadas resolvemos ir direto para a próxima cidade de encontro com Lola, Paulo, Becca e Guilherme. Foi a melhor coisa que fizemos, era uma cidade bem tranqüila e movimentada com bares legais e um bom shopping. Pelo menos cinco dias dessas duas semanas me dediquei ao consumismo desenfreado, Luidge também fez suas compras nas lojas exóticas e de informática. Conseguiu trocar o computador dele por outro mais avançado e não quis pegar nenhum arquivo que estava lá dentro. O vendedor achou estranho que ele estivesse dando o computador dele de entrada mais o dinheiro de diferença e não quisesse barganhar.
   Lola ligou avisando que estava chegando mais cedo e isso me deixou mais feliz, não agüentava mais assistir filmes de ficção cientifica e comer lanches depois do cinema. Aquela cidade parecia que gostava do Luidge, de dois em dois dias eles colocavam em cartaz um filme novo. De onde eles tiravam tanto filme diferente eu não sei. Acho que Luidge acabou pegando o arquivo dele de filmes e emprestou para o cinema, fiquei bem desconfiada. O casal chegou na quarta-feira íamos passar mais dois finais de semana naquela cidade, eu esperava que Luidge, com a chegada de sua musa deixasse as idéias de filmes no esquecimento. Becca e Guilherme chegaram no domingo de madrugada. Esperamos todos chegarem pra contar a história assustadora e outras coisas da viagem.