sexta-feira, 1 de julho de 2011

cap.4 - parte 1

Voltei pra casa com um aperto no peito vendo que aquela situação ia ser complicada durante um tempo, mas ela ia se acostumar a deixar a filha mais solta. Cris estava na cozinha guardando as compras e começou a falar como se tivesse me visto entrar.
- Comprei Kani e batata, você não disse que estava com vontade de comer salada de Kani? – Cris estava mecanicamente guardando as coisas.
- Nossa sentiu meu cheiro? – fechei a porta atrás de mim.
- Não, é que você seria a única pessoa a chegar agora.
- Ela virou vidente agora – dei uma risada abafada.
- Guilherme me falou que você estava na casa da Ana e eu sabia que Lola e Becca não estavam em casa e provavelmente não voltariam tão cedo, pois vi Becca saindo e Lola todos nós sabemos aonde ela está.
- Pra quem acabou de chegar você está bem informada – sentei em uma das cadeiras do balcão da cozinha – Como sabe da Lola?
- Ela me ligou.
- Quando? – fiquei com uma pequena ponta de raiva dentro de mim.
- Hoje – fechando a geladeira – ela percebeu que não estávamos em casa e deu graças por não termos presenciado a ultima cena do senhor escândalo.
- A sim e aonde Becca foi?
- Na farmácia – gritou Guilherme do quarto.
- Eita, que tem gente com o ouvido bom demais aqui – olhei pra Cris e dei risada.
   Passamos o resto da tarde conversando e beliscando algumas guloseimas que Cris havia comprado. Becca voltou da farmácia e entrou na conversa, assim como fizeram Gui e Marcos. O assunto não poderia ser outro, a briga do casal. Contamos o que tinha acontecido quando chegamos em casa e os meninos descobriram do amor platônico de Luidge por Lola. Era estranho ver como homem não percebia certos gestos um do outro. Mesmo Luidge sendo discreto como sempre foi, descobrimos fácil o que ele sentia por Lola quando ele mandou o primeiro mimo. Um porta retrato digital com uma rosa que se desfazia e mudava de cor com uma caixa de bombons em formato de teclas de computador escrito “ De quem te admira muito”. Acho que depois que ele se apaixonou por Lola trabalhava secretamente em projetos de presentes criativos e também elaborava as formas mais surpreendentes de entregá-los. Um dia fomos ao shopping e um homem todo enfeitado com balões e corações vermelhos e rosa nos parou na escada rolante e começou a dançar e cantar uma musica romântica e entregou mil mini caixas porta níquel com os dizeres “mil ainda é pouco pelo tamanho do que sinto por você”. Esse dia tive que sentar pra me controlar das gargalhadas que aquela cena me proporcionou.
   A noite então chegou, ficamos sentados ainda conversando sobre a viagem que Cris e Marcos fizeram depois e jogando conversa fora. Aquele horário era irritante estava quase dando nove horas da noite e ele sempre voltava àquela hora pra casa, não importando o que havia acontecido. Ouvimos o barulho do elevador e ficamos apreensivos não sabíamos como ele ia voltar. Lola também estava pra chegar ela tinha que voltar ao serviço na manha seguinte como todos e pelo visto não tinha levado roupa pra ir direto da casa de Gustavo. Mas nosso susto foi menor, o deles porque o meu pesadelo estava começando. A campainha tocou, Cris foi atender e na hora que ouvi aquele nome meu coração quase parou.
- Oi Victor.
- A Lara está? – com a voz mais normal do mundo Victor, meu ex, resolveu aparecer.
- Estou e queria muito saber o que você está fazendo aqui – sentada na mesma posição, olhando pro copo que estava na minha frente mal conseguia respirar, nem sei como aquelas palavras saíram.
- Acho melhor a gente deixar os dois a sós – sugeriu Becca.
   Não conseguia me mover, protestar contra essa idéia maluca de Becca seria menos provável ainda. Cris deixou Victor entrar ele veio até o balcão da cozinha e se sentou na minha frente. Meu olhar não saia do copo. Ele parecia mais tenso do que eu e nessa loucura toda resolveu pegar nas minhas mãos me fazendo assim olhar pra ele. Queria muito ter visto a careta que fiz quando o encarei, pois a recepção não foi boa.
- Ninguém me passava o numero da sua casa – me olhando como se eu fosse quebrar – ligava no seu celular e nada de você me atender. Porque está fazendo isso comigo?
   Olhando fundo nos olhos dele apenas movimentei minha cabeça com um sinal negativo.
- Eu queria saber como você está – era como uma suplica.
- Agora que já viu, pode ir embora – finalmente minha voz saiu.
- Não vim até aqui à toa.
- Claro que veio.
- Preciso te contar algumas coisas.
- Você me trai, me faz sofrer até a hora que eu cansei de chorar – levantei da cadeira desvencilhando as mãos dele das minhas – vou embora com apenas um intuito, nunca mais te ver, mas não, foi difícil. Nos encontramos por um longo e doloroso ano. Você me maltrata na frente da única pessoa que não deveria. Conversa comigo pela ultima vez como se eu fosse a culpada de todos os seus problemas. Me tira por completo da sua vida e agora depois de três anos vem me procurar e acha que todo mundo que sabe pelo o que passei vai deixar fácil a pista. Engano seu.

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