quinta-feira, 5 de maio de 2011

Capitulo 1 - O dia em que comecei.

   Mil vezes pensei em como chegar e falar pra ele o quanto ele era importante, estava cansada de telefonemas ou de esperar que ele aparecesse na internet então resolvi marcar um encontro, é a palavra mais brega que existe hoje em dia, mas está valendo!
   Fazemos coisas difíceis todos os dias e essa com toda certeza é uma delas: ligar pro seu “ficante” e dizer que o sentimento foi mais forte, que a cor dos olhos dele é diferente e que sua voz é arrebatadora. Não, nada de falar essas coisas, pois posso afugentar mais ainda aquilo que nem tenho. Pensei com mais calma peguei o telefone e disquei. Meu coração acelerou achei que ele não fosse atender, pois sempre tem compromissos depois que sai do serviço foi um milagre quando ele atendeu:
- Alô?
- Oie – depois de ouvir aquele alô uma boa recepção seria ótimo.
- Oi, como é que você está? – o entusiasmo dele foi recíproco, adoro quando ele reconhece minha voz.
- Estou bem e você seu doido o que está fazendo em casa a essa hora? – fiz a pergunta de praxe.
- Resolvi descansar.
- Mal posso acreditar que isso é verdade! – tive que respirar devagar e absorver o que ele estava falando.
   Adora uma balada como poderia estar em casa?
- Mas é verdade, amanha volto a trabalhar então preciso dormir cedo.
- O que? Você estava de férias e nem me avisou? – isso desceu feito açúcar queimado.
- É, fiquei uma semana de férias, mas já vou voltar – mesmo percebendo minha reação ele tentou disfarçar.
- A sim, olha, será que a gente poderia se ver? Preciso falar uma coisa com você e tem que ser ao vivo – não consegui me conter, precisava urgente falar com ele.
- O que aconteceu? – ele me evitava da melhor forma que podia.
- Não quero falar por telefone, preciso olhar pra você – estava quase me descabelando por ter tomado essa atitude.
- Não tem como me adiantar o assunto?
   Odeio quando ele faz esse tipo de pergunta, se queria vê-lo como poderia adiantar o assunto pelo telefone?
- Acho melhor não, prefiro ao vivo. Quando a gente pode se ver?
   Minha paciência estava se esgotando, esse modo que ele tinha de me evitar era eficaz demais. Ficava me perguntando porque corria atrás dele. Porque fazia as coisas sempre do jeito dele. Ele me dominava de uma tal forma que era capaz de me colocar vestida de abelhinha distribuindo mel com uma cesta nas mãos pelas ruas toda feliz.
   Odiava o jeito que ele me dominava, mas sou teimosa e insisto em causas perdidas.
   Aquela resposta demorou tempo suficiente pra fazer meu coração apertar e me deixar emocionada, comecei a chorar querendo contar tudo ali pelo telefone, mas precisava ser forte, mais forte ainda depois de ter discado os números e ter deixado ele atender. Ele finalmente insistiu que eu contasse o que queria pelo telefone. Comecei com outra história aos prantos já e não consegui parar de chorar até a hora que desliguei o telefone.
   Ele não me deixou ir até a casa dele. Pedi que não me procurasse e que iria fazer o mesmo. Viver sabendo que ele está ao meu alcance e que não posso tocá-lo era torturante demais. Tive que me decidir e ali no telefone parecia que a decisão tinha sido tomada naquele momento e não que estava latejando em minha cabeça a mais de uma semana.
   Desliguei e estava toda entupida por ter chorado e não ter pego um pedaço de papel pra assoar meu nariz, isso congestiona demais. Estava arrasada pensando em como seria meu dia pós-telefone desligado.
   Um possível romance poderia ter surgido, uma amizade foi construída, mas está abalada depois da grande burrada que fiz. Contei pro meu amigo que o amava, qual foi à parte que eu perdi que dizia “não se declare pro seu melhor amigo confidente”.

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