Dormi e acordei pensando em tudo aquilo que tinha feito. Meus olhos estavam inchados e minha voz péssima. Queria ter ficado na cama vinte e quatro horas a fio, sem levantar pra beber, comer ou ir ao banheiro. Ser um robô naquele momento me ajudaria muito bastava desligar minha energia e aquele dia ficaria vago.
Essa vontade louca de falar pra ele do meu sentimento começou com um lembrete de aniversário, já estava ali na minha frente há quase duas semanas olhar pro seu rosto me torturava de tal maneira que só eu sei o que passei. Várias vezes me ocorreu de tirar o lembrete, mas do que iria adiantar, já o tinha visto tempo suficiente para grudar mais ainda seu rosto na minha mente. Isso já tinha ultrapassado todos os limites que alguém pode agüentar. Várias coisas, várias idéias, várias vontades e todas elas dispersadas quando conversava comigo ensaiando o que fazer.
O que estava por vir era o que mais iria nos afastar, pois sim, tinha certeza de que ele não agüentaria o fato.
A semana se passou e chegou o dia do seu aniversário. Esse assunto também me atormentou. Pedi pra que ele se afastasse dias antes de completar trinta e um anos, como pude ser tão injusta com os meus sentimentos e os dele?
Isso não era injustiça e sim a forma que encontrei de parar de sofrer. Não sei o quanto isso o afetou, mas fui fraca e liguei pra ele na manha do seu aniversário e ainda fiz o que jamais deveria ter feito, fui à casa dele só para olhar em seus olhos e dizer que não iria tirar outra pessoa da minha vida, aquilo seria demais pra mim, não agüentaria de forma alguma. Ele simplesmente ficou estagnado quando me viu no portão de sua casa, não teve reação alguma, me deu um sorriso e me deixou falar, fiquei uns dez minutos, no máximo, tentando falar sem começar a chorar feito criança e sua única resposta foi:
- Não tenho nem o que falar – com os braços cruzados.
Me deu a impressão de que aquele encontro estava sendo incomodo.
E era exatamente isso que ele tinha sido, incomodo.
Dei mais um abraço e o olhei pela ultima vez. Mesmo que ele não tenha me ignorado ali na casa dele ou quando liguei de manha eu sei que nossos corpos não vão mais sentir o calor um do outro, mesmo que por um abraço.
A caminhada foi longa até minha casa, estava frio e o sentimento de perda não me fazia andar direito. Parecia que meu corpo estava anestesiado e sem vontade de caminhar pra longe dali, dele. Queria gritar, chorar, correr, sentar em algum bar e afogar minhas mágoas, esquecer mais um momento da minha vida.
Chegando em casa me deparo com minha amiga, Lola, e seu namorado, Paulo, sentados na sala assistindo um filme romântico. Faltou bem pouco para que eu deixasse meu almoço agir sozinho ali na frente deles. Lola veio me ajudar no banheiro, pois ela sabe o quanto sou péssima com chão molhado e escorregadio.
- Eu falei pra você não ir até lá – tirando minha blusa de frio por precaução.
- Sou teimosa – nem me dei conta que já estava no chão do banheiro segurando o vaso sanitário.
- E o que ele disse?
- Até parece que não sabe o dom que ele tem pra se comunicar – foi o tempo de passar a mão no meu cabelo que estava perto da minha boca.
Lola saiu do banheiro e foi até a cozinha pegar um pouco de água pra ver se eu conseguia parar de verter tudo o que tinha comido até umas horas atrás. O mal estar foi passando e depois de algum tempo consegui me levantar e tomar um banho. Estava com um enjôo que me lembro de ter um assim quando tomei umas a mais e senti o cheiro de batata frita. Sai do banheiro e fui direto pro meu quarto não queria ver ninguém, desliguei meu celular e deixei o telefone, que fica do lado da minha cama, sem som. Queria dormir e esse era só o começo da noite. Meu quarto estava quente então resolvi ficar me secando de toalha, adoro fazer isso, me acalma.
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